quinta-feira, 29 de maio de 2014

Quando as figuras ficam indistintas como os nevoeiros cerrados cobrindo vales sós Brado da cegueira


Qual a cor do silêncio ou o sabor do vento alísio invadindo o salso reino em azul (ou em verde e cinzento ou em outras cores quaisquer que sejam elas)?
O tempo a passar.

Há quem lhe chame de ventos as Visões
Quando as figuras ficam indistintas como os nevoeiros cerrados cobrindo vales sós

Brado da cegueira
Clamo sacrifícios suicidas purificadores
Bajulo céus Marés longínquas

Qual redenção
Te transporta além daquela linha
Sempre transparente escondida pelas madrugadas insones?

Sei que fitas as cores do arco-íris escondidas pelas níveas Nuvens
Onde habitam as aves cansadas das distâncias brutais
Sei que pintas alguns dos sonhos repetidos cansados
Como se não existisse mais nada em volta
Nem as pedras

Nem os trilhos de outras pegadas.

Em vão tento esquecer-me de mim
Esquecer-me de ti
Esquecer-me deste mar (ou mesmo amar que seja)

Em vão apenas tento esquecer
Sim

Das tantas mortes todas as que me lembro
Piores que o sangue por onde se afogam vazios sentidos
Homens sem o leme.

(I)

Ao longe bem longe
O Mar em teus olhos
Calmo como à deriva dos destinos das rotas dos desejos

Erguem-se mil coisas por perto
Pelo poente.

Preciso partir
De mim.

(II)

(Do sonho que já não pertence
a mais ninguém).




terça-feira, 27 de maio de 2014

Sei deste monólogo pelas tardes libertas sem grades de ferro

Svetlana Micic

Santifica-me o mar mesmo que o barco aproe pela ré
Arremessado até às areias que se movem pelas marés
Atiçando fogueiras-faróis estáticas na praia das palmeiras azuis.

Quando o sonho se liberta em nuvens continuadas
Encharcadas das gotas celestes
Alguém fala da morte ou das cores psicodélicas
De um caleidoscópio mágico Mudanças mágicas.

Mores as palavras que fluem sem métrica
Desorganizadas pelo papel em branco
Quantos rumores afloram a terra seca
Gretada
Como a pele do navegante?

Sei deste monólogo pelas tardes libertas sem grades de ferro
E se te falo assim das distâncias
Tropeças ao primeiro beijo
Pelas escarpas que o nevoeiro esconde.

Apenas um pesadelo-sonho
Razão invertida sem tino ou sorriso presente
Deixaste que fosse à deriva por um mar sem margens
Sem a posição das estrelas ou dos luzeiros da terra
E

Se encontrei uma ilha deserta de safiras esverdeadas
Amaldiçoei-me deste tempo em vão
Que jamais regressará como a ave migratória.

I

A loucura cansa-me o inconsciente
Desabitado das poeiras em ciclos lunares.
Envolvo o magma que me resta nesta escuridão
Resisto sem destinos
Apenas personagens descaracterizadas
Sorriem agora.

Logo seja.



quinta-feira, 15 de maio de 2014

Desconstruo pirâmides em volta das pegadas deixadas pelas areias mais escondidas



Rastejo-me para o mar
Peixes crustáceos tágides ou musas nem sei adamastores alguns deuses incrustam-se na minha pele que tento despir
Em vão.

Despeço-me mais uma vez
Desta Terra que não é minha
Desta obrigação em me habitar
Desconstruo pirâmides em volta das pegadas deixadas pelas areias mais escondidas

Digo-te do breve espraiar pelas crinas níveas das severas ondulações
Que me cercam
Algumas repetidas sete vezes
Outras perdidas na imensidão do tempo.

Pisas o luar refletido a mar
Nesta perfeição de imagens sem sons ou gritos por perto

E

Se me estendes a mão
Alma viva Deslumbrante
Quedo-me do cansaço após a agarrar

Se desmembras o caminho sob o rumor dos cometas em correrias extremas
O simples beijo perdido
Retoma a perfeição de um dia esquecido algures.

I

Sento-me nas águas quietas cheias de sussurros e mirando as exaltações
De cada preamar
Relembro o som do piano ressoando pela noite dos olhares
Chamas clamando por sóis e luas.

Nenhum olhar prende a ansiedade
Do próprio movimento

Como um vento
Que empurra


Mais além.