sexta-feira, 27 de junho de 2014

[exaustos os olhares buscando distâncias abruptas por entre paredes e abismos]




exaustos os olhares buscando distâncias abruptas por entre paredes e abismos desfeitos nesta proximidade invadindo algumas lágrimas suspensas consumidas.

Claridades unindo instantes Trespassadas por este
tanto mar
que afaga as pegadas do regresso absoluto
e mantém a magia do enigma que quebra Gestos invisíveis
indivisíveis.

Onde descansas o teu olhar durante os múltiplos navegares das tuas mãos vazias?

ilha surgida a barlavento sem muros mudos
de tijolo caiado em branco espuma por mais um Solstício

que anuncia o regresso das aves migrantes acordadas tardiamente.

Mapas que se rasgam
somente rastros vividos nos avessos da razão do respirar
imanente do dia noite
que me embriaga sem cessar como o dançar das ondas do mar pelas calmarias aprumadas à proa.

Serão os gritos de pavor dos homens que sossegam as tempestades em alto mar?

Será a cor das cerejas que anuncia o fim do verão?

I

perco-me do mundo pela imensidão do mar esquecendo-me do cheiro das rosas bravias e das alfazemas quebrando rotas querendo aportar pelo silêncio de um cais deserto

ante um dia da eternidade.

breves estes todos os dias

(tantos).

sábado, 21 de junho de 2014

[morrer-me-ia sempre mais uma de outras vezes...]


morrer-me-ia sempre mais uma de outras vezes se me faltassem
a paixão da chegada pelo amanhecer
os lugares ao sol dos quatro cantos cardeais pelas mansas correntes marítimas
quiçá o esquecimento.


Regressam-me os abrigos que nos alagam
as rochas alisadas escondidas ou
o mito das rosas bravas às margens longínquas de um arco-íris
que nos resiste
mesmo amparado no silêncio da longitude

enfim.

Pelo teu olhar a mar vendo maresias já aqui
diz-me do repouso nas nuvens mais afastadas
faz-me acreditar na cor dos lírios plantados num telhado em um país distante

desabrigos que não consigo dominar.

I

Afinal os barcos regressam sempre à baía mais perto
para apodrecer
afogando anjos a estibordo a um dia da eternidade

como gota de água pela imensidão.

II

Silencia-me a beleza

da emoção

em ti.



terça-feira, 17 de junho de 2014

[vi as imensidões que se espraiavam no teu sorriso...]

Foto: Childs

vi as imensidões que se espraiavam no teu sorriso pelas margens antes ocupadas de fúrias e pelos medos rentes ás claridades sempre longes demais.

Outro dia.

Constróis muros e casas no meio do mar
Mesmo sendo o fundo esse labirinto deserto por onde nos banhamos
Seja-te a praia branca o descanso hoje.

Regresso-me quando os alísios orientam a proa
Por entre ondas maiores
Se promontórios nascem em redor como caudas de dragões
Aprisionando homens e barcos
Logo surge a rota que cometas indicam
Puxando pela voz.

Há muito que deixei o caos por entre a cor das cerejas no verão
Sem o fogo estridente sem as visões que sonhos espraiam
Em volta
Sem tantos os passos escondidos pelos areais.

Antes.

I

Alivia-me as tatuagens que a pele absorveu
Tapa-me as cicatrizes da distância
Enquanto a noite baixa sobre o mar.


Enquanto

Suspiram as crinas das ondas
Umedecendo estes nossos corpos
Jazem os sossegos

Por fim.



sábado, 14 de junho de 2014

[janelas mal fechadas que aguardam claridades...]


janelas mal fechadas que aguardam claridades para sempre Silêncios ou esta alegria esperando pelo final da tarde. Esperança fugidia.

Pudesse eu reter as mãos e o olhar no meio de uma fuga mais outra
Onde o pranto corta as águas desabitadas
Horas de cansaço.

Ser-te-ia penoso o raiar da manhã
Quando descolorida
Apenas gestos sem luz ou sons do infinito
Antecedendo eternidade.

Existirá?

Fala-me do desejo sempre latente da pele
Por este adormecer das palavras símiles a aves velozes retidas pela noite sem o cheiro da canela ou o toque das sedas puras.

Amanhã.

I

Cobre-me com o frio que sustenta os cometas errantes
Sem lugar ou distâncias longes demais
Onde um mar silencia os passos a cada Maré
Plena.

São horas escondidas (jamais escolhidas).

II

Acorda o infinito das espumas
Pela exaltação dos teus braços
Atemporal te seja

Esse desejo silenciado

[do mar se diz de pleno]

Que se desfaz

Que me inquieta.



segunda-feira, 9 de junho de 2014

Nesse virar de costas deixando tempestades distantes demais

Life comes in waves, Maui, Hawaii © Roxana Labagnara, USA

Que o amanhã não seja tarde demais

Sem distâncias sem porões imundos carregados de nadas
Enfim
Fala-me do tempo perdido que se destece
Sem imensidão sem horizonte tênue linha que nos separará além
Aquém do ser sonho.

Murmúrios teus e meus ecoam pelas paredes lisas
Quando a porta inexistente deixa sair o fumo de um cigarro mal fumado
Cansaço que se esvai tantas vezes repetido
Mesmo no adeus

Nesse virar de costas deixando tempestades distantes demais.

Erro o olhar que se diz infinito
Busco o cheiro da tua pele essência pelos Outros que me roubam as palavras
Sempre em círculos que se abrem
Devagar.

I

O amanhã que se quer hoje
Mesmo que a manhã
Demore sempre a chegar.

[a eternidade será sempre  já ali]. 



terça-feira, 3 de junho de 2014

Pudesse eu reter o teu brilho para sempre como as praias retém refém um único grão de areia



Faze-lhe conhecer a vida destes breves anos frente à eternidade
E dize-lhe: além mais além por aquela queda de água infinita que se evapora por entre os dedos como ilhas desertas no meio de um oceano atormentado.




Faz-me conhecer o cheiro que invade as Estrelas da noite deslumbrada
Diz-me do respirar dos deuses (quantos?)
Sopros em ventos alisados e brilhantes sem norte
Pelas enseadas escondidas

Em nossas mãos não existem pausas ou silêncios de Luas ou
Fontes de água
E se as preces declamam um ou outro verso disperso
Queixo-me então do sorriso perdido num solavanco
Mais forte
Do barco.

Tudo recomeça esperando os cintilares da maré vaza
Sossegam alguns cavalos antes loucos trotando pelas ondulações gigantes
Sem receios ou desconhecidos
Penetro o interior do mar
Apenas buscando profundidades

Pudesse eu reter o teu brilho para sempre
Como as praias retém refém um único grão de areia.

I

Vejo as velas negras desfraldadas
Um mar horizontal
Sem pausas
Sempre rente à nudez dos corpos amantes que se habitam
Recomeçando sempre
Este caos

Vida.




domingo, 1 de junho de 2014

Nada as prende nem âncoras aprisionadas entre rochedos submersos


Pudesse eu reter algumas imagens pela eternidade
O olhar fixo e longínquo que o sol consome quando o trote dos cavalos ribomba sulcando as espumas das ondas que se espraiam na busca de mais mar
Mais vazio.

Nada as prende
Nem âncoras aprisionadas entre rochedos submersos
Longe dos sussurros da nascente

Vejo-te pelas transparências das águas calmas
Ainda que não passe de uma ilusão desta Rota.

Se penso nos instantes à luz da beira-mar
O vento desfaz o que antes ouvia
Nem os longos arrastados marulhos resistem.

Alma incandescente que regressa
Já ali
Às rebentações das vagas (diz-se de esverdeadas)
Enquanto o respirar das grandes marés
Descansa imóvel a bombordo.

I

Pudesse eu esquecer-me
Apenas

Interrompendo os silêncios
Do navegar
Das sombras


Pelo amanhecer.