domingo, 27 de julho de 2014

; tiritam os quatro cantos sob lua indelével


; tiritam os quatro cantos sob lua indelével
ociosa
da chuva que se refugia amiúde pelas nuvens
escondendo-a. cobrindo-a

I

escalam céus os amantes transparentes
veementes obscuros desfazendo ninhos de cotovia
. perdidos pelo abismo. outros galhos olvidados
por este tempo escasso

II

eis-me estranho corpo e terra
neste pacto intermetido pelas orquídeas em noite de verão
lugares onde jazem as nossas mãos. inumadas

II

exausto
coberto do teu vermelho incerto. rastejando-me

apenas

III
 o inevitável





(; reintroduzindo-me em F.Duarte libertando-o)


terça-feira, 15 de julho de 2014

; levanto-me da terra que me aquiesce


; levanto-me da terra que me aquiesce
pelos castanhos escuros. negros.
mãe                             

I

densas esperas ansiedades intumescências
sabendo-te por perto amniótica. equilibrada

[meu amor]
Interrompida rasgada

II

chama
apenas chama vida.





(; reintroduzindo-me em F.Duarte. libertando-o)

quinta-feira, 10 de julho de 2014

; ouço-te do outro lado do espelho



; ouço-te do outro lado do espelho
pelas linhas curvas
                                               
impossível não me invadir [evadir]
matando a indiferença crua. contemplando

I

a própria cegueira vertigem
desvanecendo-se
reaparecendo em outra roupagem
cansam-me as despedidas. os instantes.

II

sargaços inventados ou anjos
tropeçando nas asas arrastadas
num quarto nu
ardendo a cada investida

II

cavidade ocupada. desmantelada.
entregue. rendemo-nos

a vida lá fora recusa mortes. infames



 (; reintroduzindo-me em F.Duarte. libertando-o)






terça-feira, 8 de julho de 2014

; se o céu ruísse num repente



; se o céu ruísse num repente
pelos rufos de trovões perdidos algures
clareava-se a escuridão. revejo-te daqui
pai

afectos sempre frágeis voando
incessantemente sobre mim
apenas sobre

I

oxalá a memória termine sempre
sirva de fermento. para nós
que sempre queremos mais longe
mantendo-nos um pretexto vida

II

nesse sonho vão
que terra é esta que antecede eternidade
desconhecida
vã como o sopro do vento. desalinhado

III

destecendo-me




(; reintroduzindo-me em F.Duarte. libertando-o)


segunda-feira, 7 de julho de 2014

quando me finjo perto de tão longe


quando me finjo perto de tão longe
apavora-me esse interior só meu
folhas caídas escondem o húmus que antecede eternidades
frustram-se estranhas conversas
entranhas intocadas.            

I
na verdade vos digo dos suspiros finais
por uma noite de verão jazendo
adormecida. ondeia o vento

desabitado
desordenando corpos desassossegados
não mais encalhados vogares sem sentido
ou imaginados.

II
pudesse ser eu o verso que te faz tremer
pela manhã estranha. indisponível

este desabrigo.

(reintroduzindo-me em F.Duarte)