terça-feira, 23 de setembro de 2014

[consumo-te enquanto crepita a acha de carvalho sem nós]


consumo-te enquanto crepita a acha de carvalho sem nós

dize-lhe da terra que se ouve a mar em setembro
dos centros apagados construindo casas em volta
[porque não ao redor?]

quilhas perfeitas escondidas pelo areal
aves
barcos submersos

despidas do branco das praias a sul

transporta-me além deste tempo
não meu
um mundo despojo
cataduplas simples sem graças
quiçá as garças pela margem bombordo
observando maré
esperando esgravatando
passos ao largo sem interesse

que me interessam os ouvires por perto ou os cavalos alados a espaços[?]
sabes bem que são abismos
destapando os frios.

entrego-te a visão perdida um dia
pela manhã já tardia
assim são os náufragos [de si próprios também]

presos aos grandes troncos de madeira boiando sem rota
malsofridos vivem

I

faze-me a hora desconstruindo-a após
muros
passos
tatuagens

após as cores que dispersas sem jeito
plenas

quisera eu hoje ser o teu tu
deixando de ver pessoas colhendo as últimas cerejas esvoaçando às cegas

titubeando sós.