“Sempre me lembro de ouvir o mar”, como se as margaridas estivessem sempre presentes,
naquele ondear tão suave,
tão meu conhecido das marés,
e os cheiros de novo brotam alguns ainda desconhecidos irrepetíveis como se nestas coisas de sonho da realidade,
se encontrassem alguns caminhos
sem regressos anunciados das saudades,
prefiro sempre os sossegos de algumas nuvens tapando astros escondidos algures na aurora boreal que emite espirais sem um final definido
nas loucuras de um bêbedo
sentado num degrau sujo,
vomitando bílis, rindo
da garrafa vazia,
...
e parte-se o vidro na rua deserta estilhaçam-se algumas estrelas que implodem mas que ficam visíveis numa eternidade que quero pelo prazo de uma vida,
revolta na revolução do pensamentono sentir, que senti algures
numa breve pausa
nem breve o instante,
...
apenas o tempo de um raio de uma chuva de meteoros que jamais se esquece iluminando a escuridão nos clarões contínuos de um fogo fátuo boitatá que se dizia dizimar o índio,
estória na noite dos trovões,esperando a rododáctila,
numa rosada mão aberta,
...
afugentando todas as trevas,
pesadelos,afugentando o autólico que irrompe das masmorras destecendo os temores que se querem seguros sossegados enterrados na lava,
lava que irrompe do fundo do mar,
construindo maremotos
que tudo tapam sem misericórdia.
...
“Sempre me lembro de ouvir o mar”
numa ilha deserta, exuberantes os silênciosparados em tempo eterno pelo horizonte,
parindo palavras no areal sem fim,
lavadas depois
pelas águas,
...
nas fúrias de um furacão.
...
(breve o instante... breve a loucura...)
Nota:
“Sempre me lembro de ouvir o mar”, frase com que começa o livro “O Caçador de Tesouros” escrito por Jean-Marie Le Clézio prémio Nobel da Literatura em 2008
Em 1560, o jesuíta José de Anchieta descreveu assim o fogo-fátuo:
Fantástico! Parabéns!
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