segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

[querem-se os lábios despojados]

...
desnovelam-se as madrugadas frias,
nas árvores sem folhas,
resiste a amendoeira em flor,
onde morcegos se aconchegam
no raiar escuro do sombrio dia.

O vento toca levemente
nas cores desbotadas pela chuva,
em algumas tristezas,
em algumas alegrias.

Breve o dia, perdem-se as horas
sem tempo, ainda longe a tempestade,
perto as pedras que piso distraído,
e fugimos os dois da lembrança
de um beijo tímido, que os olhos fechados
sentiram voar pela imaginação afora,

querem-se os lábios despojados
do sal do mar.

Não me ofereças o mel,
planta-me as abelhas no jardim,
perto das videiras,
e liberta os cavalos alados, que um dia
regressaram sem pressa,
num murmúrio das nuvens da
primavera.



[Beija-me então, novamente...]

2 comentários:

  1. Maravilhosa a primavera... encantadora a poesia!
    O farol sempre encaminha os distraídos, os que se deixam surpreender...pela tempestade, beijando-os suavemente com as cores da Luz, os olhos fechados suavemente, levam-nos nas nuvens da imaginação e da libertação...
    Beijo, novamente...

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