Wilie
Kessel Photography
de onde
vens alma breve?
donde
vindes filho meu?
do alto
mar onde nasceste sem relâmpagos
iluminando
alguma aurora mais escura
ou
da
masturbação infame das ondas em teus olhos cansados?
[tanta
puta de interrogação sem destino]
tanto
desespero sonâmbulo
subcutâneo
sem
hora certa
amor
mal soletrado que se arrasta
por
mais um dia:
igual
sem
sorriso.
O medo
do princípio e fim.
Não
consigo adiar o grito alumbrado
nem deixar
de sentir a árvore florescendo no silêncio noite
das
falas que se conhecem livres
afoitas
não
não
quero mais
o
abstrato da poesia sem sentido sentimento
dor
saudade
[que se
danem o amar e o respirar]
a
redução do tempo evidente
o
crepúsculo que se esconde
rápido.
diante
de mim o mar eleva-se abrupto
concreto
fúria
para
onde me levas alma contínua?
Talvez
já não queira ser.
(Ricardo Pocinho – O Transversal)