no meio
dos caminhos sempre existirão águas amotinadas
as
recordações que o tempo não esquecerá
as
saudades
enquanto
as pessoas se sucedem frente aos nossos olhos já secos
a
viagem que nunca se repete.
No meio
do poema havia um grão de areia
e uma
semente
ambos
dormindo longe
[muito
longe daqui]
deslumbramentos
roubados
ou
sonhos
ou a
cegueira inicial na escuridão
pela
noite sem cintilantes e cometas
para
onde vais?
Apenas o
desejo da fusão completa
una
aumentando
plena a cada suspiro mais forte
como
sangue
que a
trote calca o areal virgem continuamente
tateio
o teu corpo alma
palmo a
palmo
sem
tempestades. Tateias-me sem as noites e as manhãs.
Do grão
em areia nasceu a praia virada a sul
da
semente nasceu a orquídea e uma sombra
perto
do horizonte
e os
dias não se estilhaçaram.
Continuo
sem saber explicar-te
o mar
que voa
a ave
que sonha
o azul
e o branco
que não
se repetem
[jamais].
(Ricardo Pocinho - O Transversal)
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