,lava-me
as mãos
como
a um judas,
ou satanás que seja,
mas
deixa os meus lábios secos, gretados,
como
a terra que hoje calco,
fala-me
da voz em gritos, da praia que se perde
pela
foz,
a
sul,
neste
nordeste de hoje, à míngua, à fome,
reduz-me,
sem inspiração, ou tino,
ou
verve,
à
vista um farol que não existe, que definha,
e
que se esconde pelo mar,
cousas
assim,
negações,
tantas tormentas, alguns sonhos
encrespados,
suores,
noites,
porque não dias inacabados?
,e
relembro-me das cinzas, dos incensos,
das
vertigens em pétalas vermelhas,
sangue,
das
palavras que fogem, morrem
ainda
no ventre,
afogadas,
pisadas por outras maiores,
e
fui por aí, ultrapassando horizontes como um cometa louco,
símile
a um cavalo
com
o freio nos dentes, rangendo,
repara
nos nadas que cercam as margens,
tanta
a inundação, as vísceras
inchadas,
os
visos enrugados sem unções, sem viços,
que
os vícios não resistam, nem se acobardem,
promete-me,
a
oliveira, a mirta, o alecrim,
o
verbo,
mas
rasga-me os fragmentos
desta
rododáctila saciada
de
regressos sem trevas,
sem
as porras das sombras enfileiradas,
reconstruo
o outro que não me larga.
(I)
E
canso-me do páramo, do firmamento,
do
ocaso,
destes
círculos cortados pela metade,
das
viagens que se prometem sem finais,
tantas
as miçangas guardadas
tantas
as cores que me acorrentam,
que
depois fogem sem deixar traço,
perenes
as peregrinações,
não
há viagens sem final,
nem
provectos começos,
perguntar-te-ei
por um mar de sargaços,
por
um adamastor escondido, em fuga
dirás,
ou
pelos crepúsculos que me ardem
a
memória,
quão
perto dos pássaros que regressam,
senti-los-ei
sem carícias,
enquanto
a sica me penetra no silêncio.
Digo-te,
lava-me apenas as mãos,
e
deixa-me sonhar com as sílfides
que
me empurram,
assim,
tão
perto de tão longe.
[nós
mesmos].
Textos
de Francisco Duarte
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