segunda-feira, 1 de abril de 2013

,do silêncio da tua voz que abafa


(I)

,do silêncio
da tua voz que abafa o urrar do vulcão em lava,
daqui a pouco, sim,

renova o odor das cerejeiras em flor efémera,
antes que vésper se aviste.

,sacrifícios
esperados, sem visos aterrorizados
por redemoinhos fantásticos, imaginação seja,

afugentam-se assim pesadelos, destroem-se,
símiles às pegadas que o mar desfez pelos areais, sós,

,relembra-me das horas pelo final da tarde,
da vertente que dá a direção da água,

da rota,

alivia-me desta garganta seca
que me cala, quão longe de mim, agora, estou.

(II)

,serei talvez um outro,
por breves instantes, cousas sem fim,

vazias,

enquanto as margens me comprimem,

[...e repetindo-me],

,do silêncio da tua voz que abafa,

[este silêncio em mim].









Vésper – planeta Vénus, no período em que ele é visto pelo final da tarde (em sentido figurado indica o Ocidente)
Castro Alves (poeta brasileiro) referia-se assim a Vésper:
Pomba d'esp'rança sobre um mar d'escolhos!
Lírio do vale oriental, brilhante!
Estrela vésper do pastor errante!”
(in Cântico dos Cânticos”)


Textos de Francisco Duarte


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