quarta-feira, 22 de maio de 2013

,empurra-me de uma só vez

Jamais poderia esquecer Pearl Jam a tocar Sitting on the dock of the bay de Otis Redding

,empurra-me de uma só vez

vocifera a besta agrilhoada, oprimida em si,
dejetos de um sonho mal parido, lá fora
a tempestade invade todos os areais, aprisiona-os.

,apesar do feito, como se isso importasse,
do outro lado, o cheiro das cerejeiras em flor
assume toda a foz do rio, que se faz mar.

,pensei-te em seda, em mirra, ou ave,
quis-me crente em silêncio cuspido,
ou sombra estática disforme, quis.

,dos deuses que fogem amedrontados,
restam os rastos, rastejantes,
como se o amar fosse proibido.

,de nada sei, de nada saberei desta vida
longa, despida de sinais, de rotas,
de palavras relembradas, sem uso ou tino.

,afugenta de mim esse medo sem nome, esse destino sem fim,
e conta-me, outra vez, a história das miçangas feitas corais,
e canta-me, o eterno azul dos ocasos, que a ondulação leva arriba.

(I)

,empurra-me do cimo das falésias, de nada me serve este corpo,
ou fuga, empurra-me de uma só vez,
tudo é apenas uma perca do tempo.

(II)

[,perambularei por mais uma maré afora até a quilha se afundar].







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