terça-feira, 27 de maio de 2014

Sei deste monólogo pelas tardes libertas sem grades de ferro

Svetlana Micic

Santifica-me o mar mesmo que o barco aproe pela ré
Arremessado até às areias que se movem pelas marés
Atiçando fogueiras-faróis estáticas na praia das palmeiras azuis.

Quando o sonho se liberta em nuvens continuadas
Encharcadas das gotas celestes
Alguém fala da morte ou das cores psicodélicas
De um caleidoscópio mágico Mudanças mágicas.

Mores as palavras que fluem sem métrica
Desorganizadas pelo papel em branco
Quantos rumores afloram a terra seca
Gretada
Como a pele do navegante?

Sei deste monólogo pelas tardes libertas sem grades de ferro
E se te falo assim das distâncias
Tropeças ao primeiro beijo
Pelas escarpas que o nevoeiro esconde.

Apenas um pesadelo-sonho
Razão invertida sem tino ou sorriso presente
Deixaste que fosse à deriva por um mar sem margens
Sem a posição das estrelas ou dos luzeiros da terra
E

Se encontrei uma ilha deserta de safiras esverdeadas
Amaldiçoei-me deste tempo em vão
Que jamais regressará como a ave migratória.

I

A loucura cansa-me o inconsciente
Desabitado das poeiras em ciclos lunares.
Envolvo o magma que me resta nesta escuridão
Resisto sem destinos
Apenas personagens descaracterizadas
Sorriem agora.

Logo seja.



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