Fede
o corpo moribundo,
mãos
que um dia quiseram plantar cerejeiras
por
entre as núvens de primavera,
mãos
que tapam buracos ensaguentados, seguram vísceras,
pés
descalços que um dia correram areais desertos,
despojados
do cansaço, agora, apenas despojados.
“-
Segura-me a cabeça”,
enquanto
os olhos se fecham,
e
mesmo que o grito se eternize, deixa o cigarro acesso
queimar
os lábios insensíveis.
Que
o fumo se transforme neste nevoeiro tão perto.
Fede
o corpo moribundo
que
um dia amou;
das
noites levará luares,
das
tardes levará o sol de inverno,
das
manhãs levará o sorriso,
o
nada o invade,
a
escuridão que o contorna, completa-o.
Textos
de F.Duarte
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