domingo, 17 de junho de 2012

[ … é-me longínqua a linha do horizonte


é-me longínqua a linha do horizonte,
que escaqueira a ondulaçao invisivel do sonho manso,

mansidão que se deseja encabritar em ânsias,
mas que se atrofia sem beijo, sem toque ou cheiro,
destinos incumpridos, direi.

Nos olhos extasiados pela longitude,
prometem-se outros mundos férteis em belezas, desertos
de almas, ou de olhares, prometer-me-ei um dia.

Destinos, direi.

Os homens lançam-se ao mar, sem temer a preia-mar,
as mulheres de negro miram o céu que se abre em azul,

ajoelham-se como pedintes, cumpridores do ser em súplica,
e mesmo rastejando pelo areal,
jamais serão envolvidos pelo ténue abraço do sol que
insiste em permanecer, vão-se as visões,

ouve-se o ranger da madeira, os solavancos da ondulação,
- mar arriba... mar arriba!”, grita-se,
e o leme que antes roçava as areias, orienta rota,

nada, apenas direi.

Resto-me apenas, o olhar[?]

extasiado, direi.




[“do ciclo, as palavras não têm prazo de validade. “ Riva la filotea. La riva? Sa cal'è c'la riva?” (Está a chegar. A chegar? O que estará a chegar?)]

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