quinta-feira, 7 de junho de 2012

[… e quão perto se quer o mar em mim

             Do Álbum de Surya Prakash, no Facebook, Nova Délhi

e quão perto se quer o mar em mim,
e quão inerme me deixa quando longe se espraia.
Era-me o vento bonança quando o pisavas descalça
anunciando chegadas, e repetias;
- o mar não tem quintais, nem latifúndios, as pessoas não moram lá, morrem-se por lá!”

Pudesse eu deslizar-me pelas espumas do mar
sem ruído,
pudesse o céu abrir-se de par em par, como um sorriso
inocentado pelas derivas constantes das correntes,

pudesse eu morrer-me por ti,
perto do mar.

Fundeei-me nesta letargia momentânea, sem visão,
apenas restaram algumas orquideas que vogaram até mim,

suavemente,
silenciosamente,

e,
enquanto as recolhias descalça e núa,
era-me longinquo o marulhar do mar em mim,

tão perto dos silêncios teus.







[“do ciclo, as palavras não têm prazo de validade. “ Riva la filotea. La riva? Sa cal'è c'la riva?” (Está a chegar. A chegar? O que estará a chegar?)]


1 comentário:

  1. e, ne verdade, quantas vezes negamos o mar receando a sua força, que nos arraste...

    e se nesse arrastar estivessem os gestos, o resto das palavras...?

    Obrigada pela Beleza.

    ResponderEliminar