quinta-feira, 22 de novembro de 2012

,as garrafas de gim vazias



seja-me procura a ida, a vinda,

quando olho pela janela gradeada, medrosa,
como se tudo fosse perigo,

assalta-me a nostalgia da liberdade,
tudo novidade lá fora, já aqui,

, e as mãos tateiam horizontes,
ocasos, hecatombes que se perfilam,

porque não?,

repete-se beirute, gaza, dar es salaam,

repete-se o outro que se liberta deixando o
cordão umbilical estático, constante,
repetindo-me, distorcendo-me.

(I)

os lírios voam sem destino,
nunca serão aves migrantes,

, resistem ainda ecos, destroços,

enquanto os corpos se reconstroem,
e habita-me o cansaço,
o som do piano num bar de terceira, algures ,
as garrafas de gim vazias,
[sempre vazias...]

fitam-me olhares vazios,
e palavras,

e mais palavras que não entendo.

(II)

,sejam-me procuras, porra,

,sejam-me só idas,
sem porras de regressos, sem fragmentos.




Textos de Francisco Duarte

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