,que
me interessa se é noite
ou
dia,
se
Tatum quase cego tocava melhor que
Walter
Gieseking,
de
que me interessam as fotos pregadas
num
quadro de corticite, Vladimir Ilitch lendo
o
Pravda, um mapa mundo retangular
a
cores,
se
Maiakóvski
está a preto e branco,
de
que me interessam o Che, os camaradas
da
tropa segurando a G3 no meio do mato
em
angola, e os sorrisos parvos do medo,
de
que me interessa a morte,
se
o conhaque já está no fim,
e
o cinzeiro carrega pontas de cigarros,
alguns
ainda sobrevivem, fumegam,
que
me interessa se é desirré, zirrê, criptonita,
ou
a puta que o pariu,
enquanto
o fumo invade o espaço
dos
livros por todos os lados,
empilhados
como a torre de Pizza
prestes
a caírem,
de
que me interessa se é preste joão,
ou
prêtre, ou padre João da Etiópia, descendente de
Baltasar,
ou dos cavalos apocalípticos,
se
a foto do cendrado mar me adentra
pela
visão, turvada, curvada,
de
que me interessam o bafio do amar,
do
beijo, das putas sentadas de pernas
abertas
exalando perfumes baratos,
procurando
uma noite paga,
se
as promessas se repetem, e repetem,
sem
cor, viciadas como as cartas
em
cima de um pano verde doentio,
de
que me interessam o verso, o poeta,
o
escarro que piso na calçada,
ou
o sangue que escorre do inocente,
ou
do bandido com o ferro na mão,
se
deixaram de respirar, de ouvir, de ver,
,que
me interessa se é noite
ou
dia,
se
por hoje, quero, silenciar-me!!?
[,de
que me interessam as exclamações a interrogação se resistem].
[,de
que me interessa reler o que escrevi, corrigir, na verdade vos digo,
nada].
Textos de
Francisco Duarte
Sem comentários:
Enviar um comentário