segunda-feira, 22 de julho de 2013

os poetas têm permissão para mentir

Foto de Domingos Fernandes

Nascem em hexágonos os favos das abelhas,
pelas escadas que se cruzam, sobem sem destino,

quando descem, tocam mares um dia revoltos.

Se me falares das procelas, conta-me dos silêncios das escarpas,
onde adamastores dormem escondidos pelo nevoeiro,

ou que os poetas têm permissão para mentir
num deserto de palavras que as areias escondem,
se também ressurgirem os ecos,
acompanhando as náiades por rios e fontes,

liberta as noites em que ouvíamos as estrelas falar.

Mesmo que queira escrever contra o que me lembro,
o perfume das violetas tardias aparece sempre neste horizonte insepulto que termina em cascata interminável,

tudo recomeça uma outra vez,
0 tempo eterniza-se,

e eu,

regressar-me-ei pelos ventos de norte, 

que um dia,

mar afora me levaram.






Nota:

“Os poetas têm sempre permissão para mentir”, Plínio O Velho.

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