segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

,além



,liberta-me

(I)
destas asas que me atrapalham,
que nunca aprenderam a voar mais além,

nem refúgio, nem descoberta.

,deixa-me sossegar

(II)
por este mar aquém de mim

que me desnovela, reduz a nada.

,do tudo

(III)
,sem começo, para quê[?]

estas visões inacabadas da aurora boreal,
reflexas, algumas singradas sem sentir,
inconscientes, efémeras,

inóspita esta terra que não me habita,
onde não me habito, habituo,

,e,

enquanto procuro palavras para descrevê-la,
renova-se o cheiro das alfazemas,
brotam flores da amendoeira adormecida.

,refugio-me

(IIII)
pelos cantos do mar como um náfego,

a loucura seja-me presente,
jamais fuga, ou vida.

sim, revi a rota mais outra vez.

(IIIII)
,além, mais além neste aquém de mim que ainda me resiste,
e que se repete, repete-se moribundo.




Textos de Francisco Duarte

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