segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

,escuto-me


(I)

quero saber-me assim quieto, em sossego,
neste meu inóspito e distante desaconchego,
seja da canção cendrada,
seja-me da noite iluminada,
que seja deste meu sonho em desassossego.

(II)

da saudade.

surdo, mudo, e nada muda,
nem o desassossego,
nem os passos tidos por perdidos,
distâncias.


,escuto-me.

,morrem-me as saudades de tão gastas,
de tão repetidas,

esfarelam-se,
e quando regressam impiedosas,
agito-me, revolto-me, rendo-me,
,como se a lua só tivesse uma face,
,como se a lua só tivesse uma fase,
e só escuridão pernoitasse no meio.

(III)

,o meu mar jamais será umbroso,
reflete o azul do céu,

reflete-me,

e repito-me no desassossego que quero em sossegos,

- deixa-me vogar pelas vontades das ventanias”.

[, o sal seca-me, engelha-me, arrasta-me].




Textos de Francisco Duarte


1 comentário:

  1. quero saber-me assim quieto, em sossego,
    neste meu inóspito e distante desaconchego,
    seja da canção cendrada,
    seja-me da noite iluminada,
    que seja deste meu sonho em desassossego.

    Quero saber dos que regressam,do povo
    embutido no casco grosso,gasto
    de marés,quero saber se os que escuto
    serão de Fez ou dos nossos mares
    os mortos que regressam de vez...

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