terça-feira, 3 de junho de 2014

Pudesse eu reter o teu brilho para sempre como as praias retém refém um único grão de areia



Faze-lhe conhecer a vida destes breves anos frente à eternidade
E dize-lhe: além mais além por aquela queda de água infinita que se evapora por entre os dedos como ilhas desertas no meio de um oceano atormentado.




Faz-me conhecer o cheiro que invade as Estrelas da noite deslumbrada
Diz-me do respirar dos deuses (quantos?)
Sopros em ventos alisados e brilhantes sem norte
Pelas enseadas escondidas

Em nossas mãos não existem pausas ou silêncios de Luas ou
Fontes de água
E se as preces declamam um ou outro verso disperso
Queixo-me então do sorriso perdido num solavanco
Mais forte
Do barco.

Tudo recomeça esperando os cintilares da maré vaza
Sossegam alguns cavalos antes loucos trotando pelas ondulações gigantes
Sem receios ou desconhecidos
Penetro o interior do mar
Apenas buscando profundidades

Pudesse eu reter o teu brilho para sempre
Como as praias retém refém um único grão de areia.

I

Vejo as velas negras desfraldadas
Um mar horizontal
Sem pausas
Sempre rente à nudez dos corpos amantes que se habitam
Recomeçando sempre
Este caos

Vida.




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