sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

[canta-me]

Índia 1983 @Steven McCurry/Magnum



canta-me um dia destes
a música das espumas do mar
que cípria ensaiou erguendo-se,
canta-me logo,
liberta os pardais, os pombos,
alguns dos cisnes, e os cavalos
deixa-os no trote eterno, como loucos,
irei então, pisando as pedras escondidas
pelos mantos de lirios,
pelas pétalas soltas, dos
jasmim estrela,
que dispuseste em circulos.
Que cada subida não esconda
um precipicio meu, apenas um sopro
teu,
sussurrado, desconhecido, me basta,
e ao mar regressarei, para sempre,
canta-me um dia destes
na preia-mar, e enche-me de luares
em primavera,
liberta-me em fim, para sempre,
para sempre.
Escondem-se os caminhos, e das rotas
seguras dos navegadores,
libertam-se nenufares aprisionados
em rios parados no tempo.

No tempo do esquecimento,
renascem as perolas dos abismos
submersos,
renasço-me a cada maré,
renasço-me em cada saudade,
renasço-me.

[Canta-me um dia destes a música das espumas do mar. Canta-me...]




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