O
Beijo do Hôtel de Ville,Paris,1950 ©Robert Doisneau
…
I
silenciou-se
o silêncio que faltava,
e
mesmo quando queria mar,
lembrava-se
do mar chão em maio pleno de primavera,
e
nem as andorinhas que circulavam em rasantes,
destapavam
um sussurro, um bocejo que fosse.
Queria
ir-se sem o corpo deixar,
se
conseguisse seguiria pelas fases da lua
direito
aos trópicos do zodiaco,
silenciou-se
o silêncio,
silenciaram-se
as ondulações que abraçaram o afogar do grito adormecido,
e
nem o cantar das baleias naquele instante
aquecia
o corpo perto da fogueira.
II
De
te esquecer
pensei
em tantos dias sem fim, fuga,
talvez
eternizasse o silêncio, ou o destecesse
em
pequenas missangas vermelhas pelos corais onde adormeciamos
nas noites, e exclamávamos daqueles fogos de artificio
que
tudo iluminavam.
Cansa-me
o respirar, e os sons que tatuam a minha boca,
fogem
quando os ventos norte sopram,
quão
distantes os ventos norte,
quão
distante sou hoje dos ventos todos.
...
[do
ciclo dos ventos, das primaveras, de mim, talvez de ti]
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