…
satura-me
o sonambulismo com que a noite se veste
e
mesmo que se disfarçe no canto de uma sereia,
mantem-me
o olhar distante, não me afaga de mar,
e
tudo acontece sem inicio, repentinamente
sem
cor, sem tempo delimitado.
Desilumina-se
o céu, e o cheiro da terra
é
moldado pelas mãos no barro, mãos sem sina,
sem
ternura, mãos de pedra,
e da dor pergunto-me;
não
a sentirei mesmo que me atravesse o peito
e
se crave na mais profunda saudade?
Dá-me
a chave da porta por onde a noite entrou,
desferrolha-a
mesmo,
racha-a
de vez, relembra-me como é
a
luz do dia em sol,
e,
enquanto o céu azul se inunda de mar em cor,
repara
nas núvens, velas enfunadas,
soltas,
vogando
sem pressa, sem pressas,
esperando,
que o destino aproe a sotavento.
Queimam-se
as imagens de tantas as miragens nenhures,
nas
recusas a este crepúsculo, regurgito da luz frouxa,
impludo-me
então,
mais
uma vez,
[que
a última seja].
…
[“do
ciclo, as palavras não têm prazo de validade. “ Riva la filotea.
La riva? Sa cal'è c'la riva?” (Está a chegar. A chegar? O que
estará a chegar?)]
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