Corto Maltese de Hugo Pratt
…
despede-se o dia travestido em
noite aurora,
retornam as quedas de água,
cascatas, chuvas,
indivisiveis os regressos,
invisiveis as sementes que então germinam sossegos.
Rodopiam luzes que não
amanhecem,
insistem em ser decorações num
bar de terceira
onde poetas ouvem choros
dormentes,
sete vezes seguidas estagnados,
antes da primeira palavra cair no
papel,
desfilam solidões sem face, dor?
Que sejam em dor.
Faltarão as flores que os
tambores
despetalaram,
faltarão os cantos que se querem
de anjos,
mesmo
sem surpresa escurece ainda mais
a noite,
e nas árvores arrancadas
germinam as cores esquecidas
desiluminadas.
Num bater de palmas final os
pássaros calam-se,
um fio de claridade invade o céu,
imagino-o alvo, límpido como o
cristal,
por enquanto,
o azul tudo invadirá quando, as
luzes
no final de mim,
se apagarem. Procurarei,
sim, porque não?
…
[“do
ciclo, as palavras não têm prazo de validade. “ Riva la filotea.
La riva? Sa cal'è c'la riva?” (Está a chegar. A chegar? O que
estará a chegar?)]
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