Zakopane,
Poland 2004©Mark Power/ Magnum Photos
…
I
sossego-me
assim,
em mim,
descalço
pelas núvens em cirros, tão longe, tão longe,
e
mesmo que um cometa passe, escondo-me,
sei
que é uma visão.
Onde
estavas ontem,
ou
num dia qualquer que pode ser noite[?]
ou
não estavas[?]
Meros
tracejados de trapezista vendado,
sossegar-me-ei
no cheiro a terra que inspiro,
serei
estranho de mim,
de
tão longe
II
da
tempestade que me açoita, dá-me de beber,
tenho
sede,
o
sal invadiu a minha boca como o barco em alto mar,
e
a madeira rangente suplica sossego,
num
cais algures, numa baía escura
que
o mar escondeu esquecendo as tormentas do vento norte.
Voltarei
quando algumas das trevas
se
afundarem,
quando
do musgo nos telhados saírem as andorinhas e a rododáctila
irromper
nesse tom rosado um novo dia.
De
tão longe, tão longe,
vogarei
pelos restos a mar que algum vento transportará
em
saudade.
...
[do
ciclo dos ventos, das primaveras, de mim, talvez de ti]
A palavra rododáctila, criada por Homero, “embevecido com o belo amanhecer na Grécia”, onde ele antropomorfiza Eo, a deusa da aurora, simbolizando-a na rosada mão aberta, fazendo desaparecer as trevas e trazendo o tom rosáceo, prenúncio da luz de um novo e lindo dia.” (Vida da palavra – Nascimento vida e morte das palavras de Frei Hermínio Bezerra, no seu blogue www.herminio-bezerra.blogspot.com/)
ResponderEliminarescondo-me que as trevas desceram à terra. eu, sem Luz, condenada ao infinito de mim.
ResponderEliminarágua fresca
ResponderEliminarpor mim
não sei ser sem ela,
ti