Cataratas
do Niagara,2005 ©Alec
Soth/ Magnum Photos
Um
dia quebrarei alguns ventos norte,
silencia-me,
sim,
silencia-me,
enquanto
a alma se enfuna e voga
para
além do mar, porque não afora
como
se as margens não se avistassem [?],
e
os faróis se desligassem pela passagem
de
um cometa qualquer, ilumina-me a rota,
e
mesmo que alguns barcos não resistam
a
tantos remares,
repito-te
nos gestos, sim,
diferenciando-os
depois da pele rasgada,
trespassa-me
com as mãos, que
um
dia,
se
enovelaram no meu corpo.
E
não te escrevo sobre o amar,
sim,
do amar que se encabrita
e
extenua, debilita-me e foge,
sim,
que tudo transforma de saudades,
até
estes ventos norte que um dia quebrarei,
um
dia serei.
E
não te descrevo o mar,
sim,
do mar que me adormeçe alguns nevoeiros,
que
me reflete de dia,
mesmo
imagens distorçidas nos oásis de nenúfares
que
ficam no meio dos sargaços.
Querem-se
os corais em cor,
encaminho-os
pelas palavras que o silêncio escolheu sem compreender como são
belos,
como
se a beleza não me silenciasse sempre,
como
se te renunciasse.
Acorda-me,
silencia-me, enquanto os teus lábios procuram os meus, respira-me
nos ventos norte que um dia quebrarei,
e
serei um sopro,
e
serei um gigante.
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