ALPES-DE-HAUTE-PROVENCE,
France,1985
©Henri
Cartier-Bresson / Magnum Photos
Ensina-me
e troca-me o olhar
enquanto
tropeço,
afinal
a terra parou,
o
mar, destapa-se, esperguiça-se nesse algures,
esquece
o horizonte
e
fala-me dos silêncios,
dos silêncios.
E
quantos mais mil anos de memórias terei de me relembrar para voltar
nesse dia em preia-mar violenta?
Fala-me
do amar, e navega-me até
onde
a sede seca os cristais de sal
que
o mar deixou esquecidos numa praia deserta,
navega-me
até onde os pássaros
imitaram
baleias nas migrações,
e
voaram,
ou
vogaram, tanto me faz.
Ensina-me
e troca-me de novo o olhar,
mesmo
que a terra se suspenda, se vire e revire,
ou
adormeça,
que
soprem ventos em remoinhos,
que
se enfunem velas esburacadas,
enquanto
empurro sem força algumas rochas que o mar esconde,
que
me afundam,
que
me obrigam a ficar,
que
reste o branco das orquídeas que um dia te ofereci.
Ensina-me
a regressar mesmo que a água encharque o barco,
e
que as borboletas que morrem a voar
sejam
enterrados no lado azul do céu.
Ensina-me
a silenciar
todos
os silêncios que me acordam todos os pesadelos.
Ensina-me
sobre os segredos do olhar
de
quem eu não esqueci.
Ensina-me.
respondo-te
ResponderEliminarse me explicares por que razão as tuas palavras me fazem sempre chorar...