SOUTH
AUSTRALIA—2003
©Trent
Parke/ Magnum Photos
Todos
os cheiros da canela,
cujo
aroma nos envolve a mais de oito léguas de distância,
se
existem paraisos existirão sempre infernos,
como
estas palavras vivem juntas.
Olhava-te,
como poderia escrever, olhava-me,
e
neste olhar que tocava a pele,
reassumiam-se
desejos, como poderia escrever,
reencontrava-me.
Por
vezes ouço-te o cantar;
“-
Canta-me que eu cantar-te-ei,
assim,
sim,
e
eu que te canto, no surdo cantar
que
canta em cada canto,
assim,
sim,
encanta-me,
assim,
sim,
cantar-te-ei
mesmo que a voz te emudeça,
sim”,
te
emudeça perguntarás, como se as velas que o vento enfuna,
poderia
escrever que o vento emprenha,
não
voassem mais longe que o barco
se
fossem livres dos mastros que as aprisionam.
[Do
emudecer].
Extingui-me
de nós, libertando os vincos
que
a pele guardou,
e
mesmo que, por vezes, te ouça o cantar,
na
rapidez da despedida, como poderia escrever,
na
rapidez do encontro,
sempre
existirão paraísos gémeos de infernos,
e
nós,
que
dançávamos esperando o nascer dos dias,
como
poderia escrever apenas esperando o nascer,
sempre
nos emudeciamos quando as mãos se fechavam
uma
na outra, como poderia escrever,
se
enovelavam uma com a outra.
Olhar
teu por onde o mar de mim um dia sossegou,
como
poderia escrever,
por
onde o mar de mim um dia se libertou.
Sim,
o cheiro a canela ainda voga pelo ar que respiro,
e
aqui jamais poderia escrever de outra maneira,
respiro-te.
[Porquê? Tu o saberás, nós].
Cada um mais belo que o outro!
ResponderEliminarO teu sentir cai como uma cascata de pérolas.
Abraço- te, meu amigo poeta.
Maria