Brasil— Vista aérea do Rio Amazonas, perto de Manaus, 1993.
© Alex
Webb / Magnum Photos
Do
que já não te ouço pela noite infinda,
reavivam-se
as cores que relembro do caleidoscópio,
enquanto
anjos e arcanjos disputam o bater de asas
com
os pássaros que regressaram pela primavera;
“- Um
dia encontrarás o teu paraiso!”,
por
entre os caminhos de pedra banhados pelo sol
que
ataganta a pele,
por
entre os trópicos onde o sal do mar
encarquilha
o corpo,
[escrevi
algures],
como
se algum inferno viajasse pelas tatuagens
esculpidas
na pele;
“- Sombras que ficaram!” dirias.
Sim,
porque só o aroma a canela que se cheirava vindo de longe
não
nos chegava, queriamos os cheiros das tulipas, do rosmaninho,
tocar
a linha que o horizonte tapava com nevoeiros cerrados,
assim
eram os equilibrios dos bojadores longinquos de ti ou de mim,
queriamos,
oh... desejávamos.
Sinto
a tua falta, sinto a falta
dos
bojadores que tracejavam o luar refletido
como
se tudo fosse acontecer, pudesse acontecer
um
dia ou uma noite,
sinto
falta do que já não te ouço pela noite infinda.
[Que
implodam os paraísos, os infernos, os trópicos inventados pelas
primaveras em repetidos equinócios,
canso-me,
que implodam os anjos e os arcanjos também,
que
reste apenas o bater de asas dos pássaros que regressam].
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