Chinguetti,Mauritania—dunas areia,1999©Raymond
Depardon/Magnum Photos
...
I
não
sei se calarei a minha voz ou o eco,
cego
o ego,
pergunto-me
se.
Se
me envolveste mesmo no sonho
de
ontem,
se
o respirar era o teu?
Das
flores do azevinho que deixaste
esquecidas
pelo inverno passado,
ressuscitaram,
enraizadas
nos corais amarelos que plantei no soalho de madeira
onde adormecíamos pela aurora.
II
em
flor
da
flor branca da orquidea
que
o vento transporta em pétala,
migram
ao longe
rios
até ao mar,
cansam-se
as tágides do tufão
que
as empurra
como
barcos à deriva perto de bojadores sem farol.
Avisa-me
quando a solidão chegar ao poema,
se
a ode entretanto se afundar
liberta
as borboletas azuis
que
ficaram aprisionadas pelo mar,
e
procura-me no areal que aquela noite
deixou
a descoberto,
descobre-nos.
...
[do
ciclo dos ventos, das primaveras, de mim, talvez de ti]
parte.
ResponderEliminarvai à procura onde me deixei que tenho uma porta aberta.
sei de mares, de caminhos de palavras, que deixei a terra e o rio e fui descansar da tormenta onde o teu olhar seja leito das minhas palavras.
não sou farol, oásis ou cais. sou só eu nos mares de mim.
AbraçoT no S ilêncio onde desperto