sexta-feira, 2 de março de 2012

[apenas restos]



Escondem-se os olhares longe,
restos do inverno,
apenas fechámos os olhos
pelo instante de ver o sol
que nascia, paria, dizias,
lembras-te?

E do sossego que sentimos,
algumas dunas baloiçavam
sem nexo,
e o mar, suvemente ia e vinha,
lembras-te?
Das fotos a preto e branco,
nasceram margaridas,
tulipas vermelhas,
fizeram-se caminhos sem mapa,
lembro-me do teu sorriso,
envolvido pelas núvens dizia,
restos do inverno.
Restos.
Nunca trocamos promessas,
nunca falamos de paraisos nas areias,
ambos sabíamos que,
enquanto o horizonte clareava
devagar, o vagar
das nossas mãos apertando-se,
era o momento, lembras-te?
Apenas fechei os olhos, hoje,
restos do inverno,
restos,
lembrei-me.


1 comentário:

  1. [raridades de momentos assim,
    partilhados,
    vividos,
    olhados sem palavras,
    vividos sem promessas de ser
    porque quem É
    sabe que o outro É
    e sabe que também É Assim
    o ombro ali, do nosso lado.

    ah! essa Beleza pontual,
    de todos aqueles momentos,
    em que as mãos se contam
    o que as bocas não ousam...

    Belo TMaiúsculo, muito.
    Obrigada pela Poesia com que nos Amas.

    Raízes

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