terça-feira, 20 de março de 2012

[Desfaz as estalagmites]

Paulo Ricca, Fajã Lopo Vaz, Açores, Portugal

[Desfaz as estalagmites por onde os nossos passos se silenciaram adormecidos].

Como as ondas que lavam o areal deserto
pelo inverno,
deixando os restos da madeira de barcos que vogam pelo fundo do mar,
como história sem final feliz que todos sempre desejam,
desejos,

que se quedam pelas linhas delimitadas de um raio,
levantemo-nos deixando o gelo derreter-se em liquido colorido pelos nenúfares baloiçando
na água dos rios,
alguns nascem do mar quando o sol se esconde.

Cantam algumas sereias espantadas num rochedo povoado por adamastores que ressonam trovoadas,
silenciando as harpas sopradas pelo vento,

e os nossos passos acordam banhados pela luz de algumas estrelas cadentes.

Vem,

dá-me a tua mão,

desafunda-te comigo,

e mesmo que a história desconheça o final feliz dos desejos,
segue comigo o voo das aves migratórias que regressam,

silenciosas.



1 comentário:

  1. Belo!

    Obrigada pela tua S ensibilidade...:)

    e Açores, tão bem escolhido...

    S orriso em jeito de laço

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