domingo, 25 de março de 2012

[Faltou-me o poema]

Neptune and Triton, Voyager 2, image Michael Benson/Hasted Kraeutler
Faltou-me o poema.
em sonho,
derramo o mel pelo teu corpo e em cada poro dourado,
silencia-se a noite,
das gotas que o solo bebe,
nascem outras laranjeiras carregando as maçãs do paraíso

fertilizadas pelas hespérides,
renascem os outros extremos nos mundos por onde me navego.

Baptizam-se as vozes
e os sussurros nas águas quentes do equador sem pressas ou preces,
libertam os gemidos mais profundos
que ensurdecem algumas estrelas cadentes,
exorciza-se o corpo.

Oh alma porque persegues, porque queres os sossegos sós?
Afagam-se as núvens pelas mãos ainda entrelaçadas,
afagam-se as espumas das marés também,

libertam-se as andorinhas escondidas que completam o circulo em voo rasante,

nascerão outros sonhos, nascerão outras primaveras.

Faltou-me o poema no dia em que parti.








Nota:
As Hespérides, na mitologia grega são as primitivas deusas primaveris que representavam o espirito fertilizador da Natureza. Eram as donas do jardim das Hespérides, Camões dizia situar-se no arquipélago de Cabo Verde.
Seus nomes:
Egle - “ a Radiante”, deusa da luz avermelhada da tarde,
Erítia - “a Esplendorosa”, deusa do esplendor da tarde,
Hespéra - “a Crepuscular”, deusa do crepúsculo vespertino.

São reperesentadas deitadas num tronco de uma laranjeira com frutos.
Interessante que os frutos da laranjeira (as laranjas) são conhecidos em várias culturas como as “maças do paraíso”.


1 comentário:

  1. [longínquo

    __________o cheiro, os braços, o olhar, o mel, a ternura, o beijo, o sonho, as palavras...

    deixadas as raízes, tudo o resto, mesmo o Tempo, conta a espera do que se S abe e se Provou, do reconhecimento, do que

    longínquo

    não se alterou

    ''''''''mesmo sem o Poema da partida'''''''''

    quem vê para além do que dás, vê quem tu és.

    se não queres que assim seja, diz

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