Cinzas do vulcão Puyehue no sul do Chile, 2011, Foto:
EFE/Ian Salas
…
que
os pássaros que morrem em voo
sejam
cobertos pelo céu,
…
porque
as raízes das flores
já
encontraram descansos.
…
Que
soem as trompetas,
que
se entreabra o nevoeiro, um pouco,
que
me deixe ver azuis infinitos
onde
se escondem cometas e astros,
…
que
os rios nasçam do mar,
e
que o cume das montanhas
seja
habitado pelas árvores
centenárias,
onduladas pela brisa
da
tarde.
…
Que
este gelo escondido, profundo,
se
derreta, desencalhando os barcos
afundados,
e que todas as nossas
histórias,
voguem
sem amarras,
…
que
as ondas do mar se ondeiem
nas
terras secas, nos desertos
da
solidão sem fim.
Das
solidões enforcadas
em
fossas sem profundidade,
infinitas,
escrevo,
como
se da saudade nascessem
mais
saudades, parisse
os
ventos do norte,
parisse
todos os furacões
momentaneos,
…
que
descansem em fim,
porque
as raízes das flores
já
encontraram descansos.
Das
felicidades, que o céu
e
o mar as cubram no regresso,
como
as aves que descansam
naquelas
nuvens,
como
as baleias que dançam
perto
das ilhas desertas.
…
Pinta
então o quadro,
pinta-o
de cores todas,
pinta-o,
mas,
não
te esqueças das trompetas,
[os
anjos, deixa-os de fora, ignora-os],
…
que
renasçam os dias de todos os dias,
que
renasça o mar de todos os mares,
renasceremos
então, uma última vez.
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