Paulo
Ricca Lagoa Funda, Açores, Portugal
Sempre
quis o silêncio, aquele onde os sons se suspendem, onde, nem o
respirar liberta sussurro, por um dia só que seja,
e
lá, nas fendas que se querem
em
lavas,
entram
ilusões que revejo,
palavras
em imagens,
isso,
eu sei.
Agarro
então o ar
que
as orquideas libertam, inspiro-o,
sinto
a terra raiz de que me libertei,
regresso,
rapidamente,
ao
pó,
e
as minhas mãos colhem searas outrora ondeadas pela brisa da
primavera que por ali ficou estancada,
e
o tempo passou,
isso,
eu já sabia,
renascem
as visões repetidas, gastas
partidas
sem piedade, porquê a piedade que se parte como cristal ao
amanhecer? [ou pelo canto de uma prima-dona inspirada que ouvia nos
domingos adolescentes...]. Sim, partidas.
E
do amar que o escrito procura, resta o mar no suave ondear das vagas
que se quebram em areais cobertos por girassóis ou por algas ou por
corais ou...,
estranho,
como
se tudo fosse estranho, sem cor,
abanam-se
os sorrisos,
abrem-se
as rotas naqueles hemisférios que se depenam como garças no além
mar em silêncio.
Quanto
ao silêncio que me inunda, por este dia só, que seja, regurjito
alguns versos,
apenas
alguns versos no silêncio do papel.
Isso,
desde sempre o soube, desde o sempre.
Como
o cavalo louco, sem freio, acendo o cigarro sem filtro que se cola
aos meus lábios, teus, estranho.
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