sábado, 10 de março de 2012

[Senti o teu respirar]

"Maracatu no Engenho Cumba", no estado de Pernambuco, Brasil
Foto: REUTERS/Marcos Michel

O teu corpo timido
de vermelho primavera despido,
beijei.

Ouvi os sons sussurrantes,
que se arrastavam perdidos
num espaço só teu, meu,
e,
no teu peito esculpido
em rendas perfumadas pelas
manhãs de sol,
deitei o meu ser, aconchegando-o,
sem receio, protejo-me do
bravio mar, que me persegue,
e os furacões adormecem,
sossegam.
Senti o teu respirar suave,
como uma brisa nua,
como a nudez da tua pele,
quando a minha se entrelaça,
se cola, se funde, deseja.
Nos teus braços que me abraçaram
como ramos de laranjeira em flor,
desteçi-me de mim,
completou-se o circulo, um dia
interrompido pelo sonho,
e os pingos da chuva que se
soltam das núvens migrantes,
molharam a terra em flor,
onde,
numa de tantas noites,
deixámos as sementes de nós.
Sossego-me no teu ventre nu,
agora.



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