terça-feira, 10 de setembro de 2013

os lírios voam sem destino jamais serão aves migrantes

Annalisa Albuzzi

desenraízo-me do mar e regressam à superfície os uivos e os gritos antes afogados destapando versos arrítmicos que jamais terminam de preencher as paredes um dia brancas,

ficam a boiar as sementes de papoula que as mãos antes
retinham,
por todas as estações em flor,

um longo adeus, apenas o olhar reflete a alma,
dirás.

Que assim seja,
o silêncio.

Dispersam-se as linhas do horizonte, inexplicáveis,
exaltam-se esconderijos do salso reino,
cantos perdidos a cada dia, espalhando-se como
murmúrios, sussurros, pragas
rompendo as redes de pesca que se afundam como a noite impenetrável,

acenderei santelmos no meio de nevoeiros que escondem os ventos de terra,

delimitando espaços,
buscando novas rotas, ou outras, tanto se me dá.

Ruem as foices do tempo pela matina,
sim, sorrir-te-ás,

que seja assim,
a escuridão.

[os lírios voam sem destino jamais serão aves migrantes...]



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