quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

[Quer-se o mestre no leme,]




Quer-se o mestre no leme,
...
como se o didáscalo transmitisse
toda a paidéia, e toda a força
humana residisse apenas no saber,
como se os despojados e os escravos
não tivessem tradições,
e o poema morresse sem os vocábulos
eruditos,
clama-se da liberdade.

Quer-se o mestre no leme,
guiando um destino até para ele
desconhecido,
o vento apenas ajudava,
por vezes em rajadas fortes,
forte o destino,
infinda a conquista,
infindo o mar sem norte,

em circulares rotas desoladas,
das fugas da guilhotina,
ou da fogueira,
ou do fuzilamento,
ou da saudade,
infame a alma sem verbo,
apenas sujeito,
apenas urgências no horizonte,
porque se quer bem longe do fado,
porque se quer bem longe da partida.

Perdoam-se os criadores desconhecidos,
sossegam as águas revoltadas,
do silêncio e do temor
nascem os pesadelos das longas noites,

longas as noites que acompanham
até ao parir doloroso
de mais uma alvorada,
e tudo recomeça outra vez,
e nesta batalha sem fim,
quer-se o mestre no leme.

Sei que floriram os amores-perfeitos
e as violetas,
sei que estou longe de mim,
sei desta loucura sem respostas,
sei que te amarei até ao fim
dos tempos.

[no olho do furacão tudo acontece como um raio]

Sem comentários:

Enviar um comentário