segunda-feira, 19 de março de 2012

[o céu não tem sombras]

Fireworks, Chrysanthemum EpicFireworks /Flickr

Derrama-me pelas cataratas na linha do horizonte
sem nexo, em queda
como um trópico de capricórnio
em seu completo zenite, onde as sombras inexistem,
talvez então me ria de nós,
somente isso,


e, quando as chaminés fumegavam,
inventávamos histórias do mar por perto
dos nossos dedos,

dos livros uma vez afundados,
que interessava se os tinhamos lido,
das cartas queimadas numa noite de gelos,
que interessava se as tinhamos lido,
da lua grávida que destoava do céu breu,
que interessava o eclipse,

- o céu não tem sombras o mar sempre as terá”,
dizias-me, olhando o farol apagado.

O sempre jamais será para sempre,
mesmo derramando-se em cataratas
pela linha do horizonte que escolhiamos,
os tufões levaram os telhados,
o olhar perseguia as andorinhas pela primavera,
desejava ir,

leva-me para outro sitio,
ensina-me a amar-te pelo inicio da madrugada,
ensina-me a amar-te no completo zenite,
talvez então, riamos de nós.

[somente isso, no completo zenite,
onde me derramaste].



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