segunda-feira, 15 de julho de 2013

E, habitas-me


Habitas-me
com as malas, as viagens, esses livros rasgados,
apocalipses teus, nossos, revelações em nevoeiros
que teimam em ficar,
como se só o tocar não fosse além de um nenhures uma vez imaginado,

única vez.

E, desarrumas-me,

não saberei escrever da coragem, da solidão,
das noites que se perdem, das que se bastam
quais andorinhas em voos rasantes,
tantas as palavras escondidas procurando significados ou imagens refletidas,

silêncios acompanhados.


E, toca-me a alvorada esquecida,

desassombra-me colando os pedaços,
estilhaços espalhados pelo chão de madeira,
um dia em árvore, um dia em barco
vogando conforme a direção dos ventos de norte em procelas sem fim.

E, desço,

pelas margens do mar , os mesmos lugares
que se repetem, as mesmas noites que ficam
paradas ansiosas, expectantes,

querendo que a luz não se extinga mesmo sabendo-me aprisionado.

Habitas-me,
e, desarrumas-me,

por uma última vez, única, revelo-me.







Nota:

Down de Pearl Jam um tributo a Howard Zinn

Down
Down. Fall by the wayside no getting out.
Down. Cry me a river dried up and dammed.
The names can be changed but the place is still the same.
I am loaded. Told that all's for naught. Holds me down.
Rise. Life is in motion. I'm stuck in line.
Rise. You can't be neutral on a moving train.
One day the symptoms fade. Think I'll throw these pills away.
And if hope could grow from dirt like me. It can be done.
Won't let the light escape from me.
Won't let the darkness swallow me.
So long.

Sem comentários:

Enviar um comentário