Laguardia
Asensio Luis
...
poder-me-ei
alhear das palavras por um dia,
do
mar que não existe de tanto areal
que
as dunas escondem,
restarão
medusas, conchas, corais desalinhados,
ou
aves que migram pelo verão, procurando novos pousos.
Abrir-se-ão
janelas pelo sopro do cavalo do vento,
retendo
caçadores de baleias agonizando pelo vazio
de
redemoinhos,
e
os rios, furiosos, engolirão carvalhos arrancados pela raiz,
como
um bocejo,
nesse
mesmo dia.
Falam-me
dos lobos do mar, dos nenúfares que ficaram para trás,
dos
silêncios que os ecos repetem sem parar, desses órfãos de ninguém
que
acompanham as viagens intermináveis dos sonhos,
desse
outro escondido entre as escarpas violentas das noites,
das
procelas maiores que furacões,
nomes
desfigurados.
Um
dia poder-me-ia esvaziar de mim,
dos
poemas rasgadas sem mar, sem barcos
no
horizonte, sem estrelas anunciadores de terra firme,
das
margens opressoras,
e, mesmo que tudo não passasse de imagens vãs, sem nexo,
nomes
esquecidos, faces irreconhecíveis,
convulsões,
dir-te-ia
das esperas pelo nascer da alvorada,
apenas te esperando.
Que
apenas assim seja.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminar...e como maestro dileto executas mais uma esplêndida sinfonia!
ResponderEliminar...e como se pudesse navegar no "cavalo vento", solta, liberta, sem direção...com a feliz certeza de saber que todos os rios, sempre me levarão ao mar!
Lindo! Meus cumprimentos mestre das letras!
V.
Ah... Valéria, eu é que te agradeço as palavras. Beijo
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