sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

[diz-me a cor do pranto]


diz-me a cor do pranto
enquanto me esvaio

aleatório no teu ventre

por entre as tuas mãos bem abertas.

Ignoro o tempo que se passeia
apenas tocado na sua orla
e não na plenitude verdadeira
exata

como numa visita rápida que se esgota
num instante após as chuvas
a boca fechada aguentando o respirar

ou o traço preso pela palavra esquecida

.ignoro-me

embora algures ninguém esbraceje
sob as águas calmas sem tormentas

velar-te-ei assim

nem que o sonho seja mor que cavalos alados
a trote por um desfiladeiro em fogo

e a mão cheia de flores acene ao avistar tranquilidade
dos pássaros pela noite.

O ventre e o pranto
mais uma braçada de mar
enquanto crescem desordenadas
as pedras no muro tombado

ficam imagens
que jamais me lembram o céu.


Faz-se tarde.


(Ricardo Pocinho)




4 comentários:

  1. faz-se tarde e o tempo cansado, nomeia a noite procura na obscuridade a tranquilidade no aroma caído das flores...um sonho!
    Ler-te é sonhar.abraço.

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    1. Muito obrigado pela presença e belo comentário Poetisa Natalia. Votos de um excelente Natal para ti e toda a Família e que 2015 seja ímpar.

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  2. não estás lá mas eu estou aqui e aqui estarei sempre (bem hajas)

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    1. Obrigado Poeta Jorge Santos pelo carinho. Eu também continuo a seguir-te, principalmente a ler-te, pelo Face. Ambos estaremos sempre. Muito Obrigado.

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