sábado, 24 de janeiro de 2015

[e são regressos as simples brisas restantes]


e são regressos as simples brisas restantes
antes as repetições cansadas
as preces escondidas

o relento pronunciado e estrelado

enfim

as mãos unidas à garrafa vazia
o vinho bebido imolado. Escuridões.

Rendem-se os passos um dia à volta desse silêncio que queimava o chão duro e
concreto
sem areia molhada de mar empanturrada pelas promessas longínquas
a rapidez trepidante do pensamento envolvido por nevoeiros perpétuos. Esquecimentos.

É breve hoje a noite
sem paragens ou um adeus demasiado longo
tudo regressa
até as origens
e aquele peso amorfo desnovela-se
sem a velocidade do destino escolhido. Vem comigo!

Afaga as mimosas
que apenas


ficaram suspensas. Esperas.


(Ricardo Pocinho - O Transversal)

6 comentários:

  1. ...um adeus demasiado longo...venha comigo!

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    1. o adeus é sempre demasiado longo, é como a partida que nos revela um destino, um fado. Agradeço o teu comentário Dayse. Muito obrigado

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  2. " É breve hoje a noite
    sem paragens ou um adeus demasiado longo
    tudo regressa
    até as origens
    e aquele peso amorfo desnovela-se
    sem a velocidade do destino escolhido. Vem comigo!

    Afaga as mimosas
    que apenas


    ficaram suspensas. Esperas."

    Excelente poetisar... meu amigo Ricardo!

    Beijo da Vó Maria :)


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    1. sabes Vó Maria, são tantas as esperas como as noites, as escuridões clareiam sempre pela aurora, as esperas ficam saudades sempre. Agradeço-te do fundo o teu carinho, leitura. Obrigado com um beijo Vó Maria.

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  3. Muito bom de ler, e de sentir.
    Abraços poéticos.

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