domingo, 6 de maio de 2012

de te esquecer

            O Beijo do Hôtel de Ville,Paris,1950 ©Robert Doisneau


I

silenciou-se o silêncio que faltava,
e mesmo quando queria mar,
lembrava-se do mar chão em maio pleno de primavera,

e nem as andorinhas que circulavam em rasantes,
destapavam um sussurro, um bocejo que fosse.

Queria ir-se sem o corpo deixar,

se conseguisse seguiria pelas fases da lua
direito aos trópicos do zodiaco,

silenciou-se o silêncio,
silenciaram-se as ondulações que abraçaram o afogar do grito adormecido,
e nem o cantar das baleias naquele instante

aquecia o corpo perto da fogueira.

II

De te esquecer
pensei em tantos dias sem fim, fuga,

talvez eternizasse o silêncio, ou o destecesse
em pequenas missangas vermelhas pelos corais onde adormeciamos

nas noites, e exclamávamos daqueles fogos de artificio
que tudo iluminavam.

Cansa-me o respirar, e os sons que tatuam a minha boca,
fogem quando os ventos norte sopram,

quão distantes os ventos norte,
quão distante sou hoje dos ventos todos.





...
[do ciclo dos ventos, das primaveras, de mim, talvez de ti]




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