terça-feira, 1 de maio de 2012

as velas

Lago Bogolybovo, Moscovo, Russia @Denis Sinyakov/Reuters

I

fala-me dos nenúfares que as núvens
cobrem,

nos barcos naufragados em terra onde nasceram flores silvestres,

das cores soltas pelo pôr-do-sol
que levantam alguns ventos sem direção,
escondem-se outros.

[Ou...],

nessas palavras em que o verso grita sem destino,
aurora seja,
ou...

qual a cor do amar[?]. Pinta-o numa parede em ruínas,
eu,

II

as velas
libertam-se dos mastros de carvalho, regressam com as migrações
das aves,

liberta-me de mim,

e envolve-me o olhar cansado, arrastado-o como num tango em circulos,

os passos tocam-se levemente,
apenas levemente.

Sabes, eu nunca esqueci
porque sonhava naquelas noites com o mar,
era-me maremoto sem as margens que oprimiam, delimitavam.

Liberta de mim o mar que ainda me restou.







...
[do ciclo dos ventos, das primaveras, de mim, talvez de ti]




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