quarta-feira, 28 de novembro de 2012

,escrevo contra o que me lembro



,vã,

(I)

visão de alguns anjos coxos que gravitam
em elípticas,
escondem pés, pernas, coxas,

bando de morcegos albinos rodeando figueiras
adormecidas, sem fruto,
vãs,

e no alumbrar ao longe regressam algumas cores,
sejam alucinações psicadélicas,
sejam alucinações, sós, sóis

,insepultos.

,escrevo contra o que me lembro
senti-lo-ei sempre hoje, senti-lo-ia como ontem,

podê-lo-ei sempre sentir amanhã,
qual grito, quão perto do silêncio absoluto,

vão.

,empederniram-se estas veias,
mais cedo lavas, sim, apenas respiro,

sem ânsia, a morfina toma conta do corpo,

e o mar tão perto que lhe toco ao de leve,
despenteio-o.

[contra o que me lembro, escrevo fragmentos].

(II)

, “- mira, já ali as tâmaras, a água, as náiades, mira gajeiro, já aqui!”




Textos de Francisco Duarte

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