quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

[poder-te-ia falar num céu sem estrelas]

grande baleia branca Migaloo


poder-te-ia falar num céu sem estrelas
destelhado
ou da hora de Prima que antecede o começo
vagabundo

mas perdi-me neste mundo que nunca foi meu
[a vida]
sórdido

veleiro que se afasta ao som do vento
sem tripulação.

há sempre o outro lado
a estrada sem curvas encruzilhadas
a maré parada

um fio deslumbrado carregado de espantos
[nunca as descobertas]
que esconde a raiz a água.

findo o mar perfeito
enrola-se a brisa

e nenhum sacrifício resta
apenas a plenitude deste tempo gasto.


o gesto
as mãos
o halo da maresia infinda

a distância

[um luar que pousa em nossas mãos].


(Ricardo Pocinho - O Transversal)


3 comentários:

  1. Respostas
    1. A Alma tem destas coisas, a partida sempre incógnita, sempre a saudade que mina, que corrói, e depois:
      "nenhum sacrifício resta
      apenas a plenitude deste tempo gasto". Vindo de ti Poetisa este comentário faz-me envaidecer, sim. Muito Obrigado.

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  2. Vim matar a sede das suas belas palavras.
    Abraços poéticos.

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