domingo, 12 de fevereiro de 2012

[Relembro-te]


Photograph by Roger Coulam. Kansas Clouds 

Relembro-me
das cerejas que se queriam
em cor,
das árvores descoloridas
cobertas por sombras, de nuvens
que vogavam sem rumo,
relembro-me,
dos dias que seguiam noites,
e o piar do mocho, que se escondia
nos ramos despidos,
relembro a terra nos castanhos
da madeira que rangia,
no sal que se entranhava,
nas entranhas do meu corpo.
Relembro um mar em fevereiro,
longínquo, longe,
onde o cheiro a canela
invadia espaços fechados,
invadia o ar decompondo-o,
como o prenúncio de uma rota
qualquer,
seguida nas estrelas brilhantes,
adormecidas.
Relembro-te nos sorrisos do areal,
no meio do frio vento,
olhando imensidões,
distâncias jamais percorridas,
nem pelo sonho.Rasgava
então os mapas,
e sem caminhos,
adormecia no teu colo,
sossegava-nos, relembro-me.
Relembro-te saudades distantes de um mar em fevereiro nas distâncias jamais percorridas... relembro-me dos dias que seguiam as noites e dos meus olhos que se fechavam... esqueci-me da forma das nuvens que vogavam sem rumo.  



1 comentário:

  1. *queria ser parte dessa memória
    como o princípio do Mar
    que , nas marés, vai, mas sempre volta...
    Poesia serena e sentida, para atar com fitas nos abraços, nos laços poéticos que sonhamos...
    Beijo-te embevecida pelo teu versar
    Karinna*

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