quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

[da chuva se diz de tempestade]

este meu mar que não sossega

da chuva se diz de tempestade,
quando nos molha,
da paixão se diz de traição,
quando os olhos se fecham,
um piano toca numa ilha,
e no olhar avermelhado
das nereidas,
implodem vulcões.
Em todos os cantos destes
mares afora,
em cada parcela de água,
refletem-se as estrelas
que se afundam, até aos abismos,
e hoje sinto-me assim,
e hoje sento-me, esperando-te,
assim,
numa espera infinita, eu sei,
como infinitos são universos
além deste meu mar, e como nestas
descobertas de mim,
sossega o corpo, enquanto
a mente anseia, sem descanso.

Das ansiedades se dizem de pressas.

Enquanto te espero,
nesta espera infinita,

desfaço os mundos construidos
em papel,
disfarço as mãos neste cruzar
dos braços,
e, nos bolsos,
ainda trago algumas conchas,
alguma lava, de um vulcão implodido
que afogou uma ilha, algures,
que destruiu um piano, qualquer.

[Implodi-me, olhando o olhar avermelhado das nereidas mudas...]
...
Ainda continuo a ouvir um piano, tocando, algures, 
enquanto te espero.




3 comentários:

  1. O mar dos meus olhos tornou-se vermelho de lavas de um vulcão de ansiedade...
    Explodiu de tanto esperar a chuva que lavaria minh'Alma com as águas do [a]mar...
    E hoje sou mar vermelho de lágrimas e fuligens que secas escoaram pelas bordas do meu coração, que neste instante não mais palpita e sim, tosse sufocado de tanto [a]mar...
    Poeta amigo...obrigada por compartilhar e acolher os meus versos frutos de um imenso pesar...
    Abraços poéticos estimado poeta...daqui do triste lado de cá...
    V.

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  2. Tens um tesouro enterrado aqui...nas areias que beiram este mar de poesias.

    Meus parabéns amigo poeta Transversal.

    Um abraço ,ALICE

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  3. olá TGrandioso

    ____________somos mãos nos bolsos na tentativa de nos escondermos dos outros, enquanto se espera o que só nós sabemos, o que só nós queremos.................ansiando ser descobertos mas cautelosos, descobertos sim mas por quem trazemos inscrito no peito. por isso esperamos. sabemos o que queremos - ou não? - mas desconhecemos se nos querem descobrir.

    Belo, Poeta, Muito Belo.

    Abçt, eu

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